September 18, 2006
Discriminação lógica
Na Madrid Fashion Week deste ano não desfilam na passerelle manequins com um IMC abaixo de 18. Aplaudo a medida. Demonstra consciência do impacto social que o mundo da moda tem sobre as mulheres, nomeadamente as adolescentes, e tenta controlar o tipo de referências corporais que impinge nos media.
Não digo que as agências “obriguem” as modelos a regimes alimentares que as levem a parecer saídas dos campos de concentração nazis, nem que sejam as próprias modelos a transformar-se assim, propositadamente. Mas talvez as que são naturalmente (muito) magras sejam preferidas à partida…
Assim, esta medida tenta apenas que se escolham modelos menos magras (mesmo que elas sejam naturalmente assim e sejam saudáveis), para proteger a saúde das próprias e das miúdas que as idolatram.
Só não posso deixar de assinalar o cinismo de algumas pessoas como um tipo qualquer ligado à moda nos EUA que acusou a medida de “discriminatória”. [Esta palavra desde há uns tempos é muito mal usada, como se “discriminar” fosse mau, até parece que não passamos a vida a “discriminar” entre o certo e o errado, o bom e o mau, o que é melhor para nós e o que é pior, quem é o empregado mais competente e quem é o mais incompetente,…] E alguns disseram que havia pessoas (as modelos) que deixaram de trabalhar por causa desta medida. Engraçado, nunca vi ninguém queixar-se de discriminação quando uma mulher com menos de 1.70 m quer ser modelo e não pode, ou quando alguém com medidas um pouco acima do 86-60-86 gostaria de trabalhar nas passerelles e não a aceitam. Pode-se “discriminar” mulheres bonitas e absolutamente normais e saudáveis desde que seja por serem baixas de mais ou “gordas” (ou musculadas, sei lá!) de mais, mas se “discriminarem” as magras a atirar para o sub-nutridas já é uma injustiça. Certo.
September 15, 2006
“O Portugal que sai da crise”
Na Visão desta semana o que mais gostei de ler foi o artigo sobre o software livre e um outro, tema de capa, sobre empreendedorismo e inovação. Gostei de ler este último justamente por dar uma ideia diferente e mais animadora da economia e das pessoas por detrás dela. Gostei de ler histórias de pessoas que deram a volta por cima, que inovaram, que perseveraram, que arriscaram, e que agora vêem o seu trabalho dar frutos. É em histórias destas que me inspiro e que me apoio quando as coisas parecem mais negras.
Acredito firmemente que a iniciativa privada e as empresas são um veículo privilegiado de mudança de mentalidades e paradigmas, de inovação, de trabalho social e comunitário. É tempo de acabar com esta cultura de mama do Estado e de dormir à sombra dele (a bananeira). Leva a que só nos queixemos de tudo e fiquemos à espera que alguém faça alguma coisa. Mas o pior é que (quase) ninguém faz nada… de jeito, pelo menos. 😛
Neste país em que os governos só se governam a si próprios, são as empresas que devem liderar o caminho, e levar a sociedade a reboque. Ou isso ou é melhor emigrarmos todos porque os políticos não têm estofo para salvar este país.
September 12, 2006
Bike commuters na imprensa portuguesa
No dia 10 de Setembro saiu um artigo no Público sobre os utilizadores “non-recreational” de bicicletas em Portugal. Pode ser lido aqui:
P.S.: Mais um passeio de bicicleta. No site da FERTAGUS:
«No âmbito da Semana da Mobilidade a Fertagus irá promover em conjunto com o Clube Ciclismo de Almada, um passeio de bicicleta no dia 16 de Setembro pelas 10h. Este passeio terá partida na estação do Pragal, com direcção ao Parque da Paz em Almada e regresso novamente à Estação do Pragal, onde será sorteada uma bicicleta de criança.
O passeio denominado “Passeio Pais e Filhos”, tem como propósito sensibilizar a faixa etária mais jovem para as questões de deslocações e do ambiente, tendo também como objectivo proporcionar uma manhã de saudável convívio entre as crianças e os pais, num animado passeio de bicicleta.»
September 11, 2006
Lisboa e as bicicletas
Ontem lá fomos à Lisboa Bike Tour…
Não posso dizer que tenha gostado muito. Achei fraco, mal organizado, desinteressante, e sem o ambiente de celebração que se esperava. Não sei o que terá pensado a maioria dos participantes, mas o entusiasmo que a iniciativa despertou foi imenso, as 4000 inscrições esgotaram em 9 dias e o meu post neste blog teve imensos hits (695 só desde o dia 4 de Setembro).
À noite vi a peça da RTP sobre o evento (eles disponibilizam os videos dos telejornais, mas há umas semanas mudaram o sistema e agora aquilo não funciona em Linux; bimbos do caraças…), mas o que se mostrou não traduz o que aconteceu para todos os participantes. Só o pessoal perto da linha de partida é que teve direito a música, animação, e sinal de partida, bem como “recepção” à chegada.
As bicicletas estavam mal montadas (as minhas, como muitas outras que vi, tinham as mudanças mal montadas, fazendo com que eu não visse nada quando as utilizava. Houve um senhor ao pé de nós a que caiu um pedal; teve sorte não ser num momento em que ele se estivesse a apoiar bem nele, podia ter-se magoado… Já para não falar na pintura riscada e nas mossas. Fartámo-nos de ver pessoal apeado com avarias ou defeitos nas bicicletas. Outros nem tiveram direito a uma (quando estávamos à espera da cena começar passaram grupos de pessoas a pé que tinham sido largadas pelos autocarros mais tarde e mais atrás na ponte e que já não encontraram bicicletas, tendo que ir andando pela ponte à procura de mais, “Lisboa Foot Tour”…). Não gosto daquele sistema de mudanças e tive dificuldades a usá-las, mas o que me lixou mais foi o selim, que era péssimo e tornou o “passeio” muito desconfortável…
Ao contrário do que anunciaram, não vimos equipas de auxílio técnico nenhumas nem antes nem durante o passeio. Vimos sim pessoas em bicicletas para assistência médica. Quem não encontrou bicicleta funcional lixou-se, e quem encontrou defeitos ou teve avarias na sua teve que se desenrascar sozinho, sem ferramentas nem nada. Se todos pagaram o mesmo e se chegaram lá até à hora estipulada, todos teriam direito a uma bicicleta em condições, ou assistência para rectificar as faltas e corrigir os problemas. Isso não aconteceu. Com patrocinadores de tão alto gabarito esperava-se mais.
A mochila que eles ofereceram também era uma chinesice qualquer. A minha tinha defeitos (faltavam presilhas), a do Bruno partiu-se quando ele puxou uma presilha.
Tirei meia-dúzia de fotos (ver aqui) e uns videos (brevemente disponíveis aqui). O Bruno lembrou-se e levou de casa uns papéis de “activismo político” que colocou no lugar das bandeirinhas dos patrocinadores. 😉
Acho que ninguém reparou, além de um casal que se aproximou pra ler a nos apoiou. A maior parte das pessoas ali nem em lazer costuma andar de bicicleta, concerteza, pois nem sabem circular como deve ser…
O passeio em si não foi o que eu esperava. O piso era fixe e a dificuldade do percurso foi canja (fiquei abismada quando vi pessoas na TV a queixarem-se que aquilo tinha sido “puxado”, além de ouvir os lamentos de terceiros ao longo do passeio, e pessoas a levar a bicicleta pela mão, diz muito acerca da forma física dos portugueses…). Mas a vista da ponte não era nada de especial, é mais bonita a do lado Sul do rio, a do lado Norte é feia. Então a parte já em terra, em que andámos ali às voltinhas até chegar ao Parque das Nações foi a pior. Paisagem seca, árida, cheia de lixo, prédios feios, alcatrão.
Depois chegamos ao Parque das Nações, outrora um espaço privilegiado de Lisboa, agora cada vez mais abandonado e progressivamente menos pedonal, menos silencioso, respirável e espaçoso, visto abrirem mais vias ao trânsito a cada dia. Daqui a nada é mais outro espaço típico de Lisboa, em que só se ouve, respira e vê carros por todo o lado, a circular e estacionados selvaticamente por todo o lado. No entanto, não se vêm autocarros nem outro transporte público a circular pelas vias agora abertas ao trânsito automóvel… Um eléctrico/metro de superfície (“tram”) era fixe…
[Fixe com um Smart. 🙂 ]
[Doesn’t quite work for this one, tough. E bimbos destes há praí aos pontapés…]
Este evento deveria ter sido aberto a mais gente, e para cada um levar a sua bicicleta própria. E devia ter começado do outro lado da ponte, para a podermos (todos) percorrer integralmente. Devia ser manifestação de uma preocupação e de uma tendência mais séria na direcção da promoção da bicicleta como meio de transporte privilegiado e instrumento de lazer universal. Mas não, foi apenas areia para os olhos, umas migalhas. O facto de Lisboa não aparecer na lista das cidades europeias que participam na Semana Europeia da Mobilidade e/ou no Dia Europeu Sem Carros confirma o desinteresse (embora baste tentar circular por Lisboa de outra forma que não dentro de um automóvel, nomeadamente a pé, de bicicleta ou com uma cadeira de rodas/carrinho de bebé/outro-qualquer-extra-com-rodas para sentir na pele a negligência).
Oeiras volta a participar em 2006. O programa tem algumas coisas “palpáveis” interessantes. Para além de podermos passear pela Marginal Sem Carros no dia 17 de manhã (não quero faltar!!), há umas iniciativas interessantes com a CP relativamente ao transporte das bicicletas nos comboios e à eliminição de barreiras arquitectónicas. Espreitem o programa aqui.
Também o GEOTA e a FPCUB organizam passeios neste dia.
P.S.: No Parque das Nações reparámos numa espécie de quiosque de internet… O Raspanêt, permite navegar na rua.
Só achámos estranho não estar nada identificado nem bem assinalado para a função que desempenha, e o facto de não funcionar com moedas. Temos que ir comprar um papel com o código de acesso a um sítio que não pareceu estar indicado em lado nenhum… A nós pareceu-nos uma cena um bocado imbecil… Já estou a imaginar a utilidade que aquilo tem para os turistas (sim, porque um não-turista não vai para o meio da rua, sujeito ao clima e sem se poder sentar, ver os mails ou conversar no messenger…) … Enfim.
August 13, 2006
An Atheist Manifesto, by Sam Harris
Ainda não consegui ler tudo, mas estou a achar excelente. 🙂 Não conhecia este tipo. Já sou fã.
August 6, 2006
TED Talks
O Bruno enviou-me este video de uma conferência espectacular! O software também me pareceu muito fixe. 😀
«Hans Rosling is professor of international health at Sweden’s world-renowned Karolinska Institute, and founder of Gapminder, a non-profit that brings vital global data to life. (Recorded February, 2006 in Monterey, CA.)»
«Once a year…
1000 remarkable people gather in Monterey, California
to exchange something of incalculable value
… Their ideas
What happens there has never been shared
… until now»
TED
ideasworthspreading
Fui ver o que era esta cena do TED Talks e descobri o site do TED || Technology, Entertainment, Design. Fiquei entusiamada. I just love this kind of stuff! 😀 Que sonho seria poder ir a um evento destes, ouvir estas pessoas, ver estas ideias. Infelizmente não é qualquer pessoa que consegue um convite e os preços são proibitivos para a pessoa média ($4400). Agora vou-me entreter nos próximos dias a ver os videos disponíveis! 🙂
Shit, this is the kind of thing and people we should learn about on the news! Not soccer, soccer, soccer, bad politics, insanely dumb “lives” of fires and such, and so on.
Insane people
Eu nunca parti nada em árvores, mas fartei-me de as trepar, e casas na árvore eram o sonho de qualquer puto. Nós chegámos a tentar construir uma com amigos. 🙂
Agora imaginem que vinha um polícia e nos prendia, ficava com os nossos sapatos, tirava amostras do nosso DNA e armazenava a sua sequência numa base de dados, juntamente com o nosso “crime” no cadastro por 5 anos. Isto a putos de 12 anos. Inacreditável, não é? Mas aconteceu, em Inglaterra. A notícia via Boingboing aqui.
August 5, 2006
Misérias humanas
Esta semana numa conversa de almoço, a R. contou-nos que, no Porto, foi voluntária numa Aldeia S.O.S.. São casas onde vivem crianças a cargo de uma “mãe” contratada. Recentemente li uma notícia qualquer a propósito destas casas onde referiam que as “mães” iniciais estavam a entrar na reforma e por isso procuravam-se novas “mães”.
Bom, ela contou-me que deixou de fazer lá voluntariado porque não conseguia simplesmente ignorar e abstrair-se do facto de as crianças serem maltratadas pela “mãe”. Disse que as miúdas andavam negras, que levavam porrada até com o cabo do chuveiro!!… Isto de uma senhora super-religiosa (deve ser mais uma apologista do spanking). Os coitados dos putos não podiam ver TV ou ouvir música, a única coisa que se tocava em casa era o rádio, com missa non-stop… Fez queixa, mas o Director não fez nada. Não sabe se elas ganham bem ou mal, mas aquilo é um trabalho a tempo inteiro. As “mães” não têm fins-de-semana, folgas nem férias!! Assim também eu dava em maluca!… Claro que o Director não vai fazer nada se fazer alguma coisa implicar a “mãe” abandonar o seu cargo…
Quando primeiro ouvi falar deste projecto das “mães”, há uns anos atrás, achei uma ideia boa, muito melhor que viver numa instituição. Mas não era isto que tinha em mente… Se não fizerem as coisas como deve de ser, será simplesmente mais uma modalidade de abuso e abandono. As “mães” têm que ser bem pagas e ter direito a vida pessoal! E os abusos têm que ser vigiados e punidos!
Com tanta gente a querer adoptar crianças, porque têm estas que viver estas vidas tão degradantes?…
Prós católicos & Cia faz mais sentido uma criança viver assim, sem pai, com uma mãe esgotada e abusiva, sem amor, atenção nem liberdade, do que viver numa família com dois homens, ou duas mulheres, ou só com um progenitor. Que gente sádica.
August 4, 2006
Stupid people – I
July 20, 2006
Confissões em português
Descobri hoje o homólogo português do Group Hug! 🙂 Espreitem o Confessionário!